segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Góticos ontem e hoje

Segundo o que nos relata a história, gótico é tudo aquilo relativo aos godos, tribo germânica que invadiu o Império Romano durante o século III d.C. A arte e a cultura gótica cresceram durante a Idade Média. A classificação negativa deste período veio com o Renascimento, fase de grandes avanços, que sucedendo a Idade Média, denominou esta como a "Idade das Trevas". Sabe-se que neste período – da Idade Média – o conhecimento humano ficou submetido aos poderes da Igreja, sendo qualquer expressão artística influenciada pela religiosidade cristã da época, fazendo com que todos os aspectos científicos fossem esquecidos. Assim sendo, os renascentistas acabaram marcando o período anterior como pobre, sem grandes avanços culturais e científicos, inclusive no expressionismo gótico, denominando os elementos deste expressionismo como subcultura, denominação que perdura até hoje.

Arte Gótica

Presente em inúmeras igrejas da Europa e da América do Norte, a arquitetura gótica foi uma forte influência, porém, com o renascimento da arte clássica (ou neoclássica), o estilo gótico foi perdendo força sendo chamado de "bárbaro", e subjugado como subcultura. Para seu tempo, o estilo gótico foi arrojado, fazendo as construções com uma arquitetura resistente a ataques e imbuída de beleza.

A literatura gótica foi pouca aproveitada na época original, com poucos escritores. O principal foi Dante Aligheri, famoso por escrever seus textos em latim e italiano, mas já no final do século III d.C. O estilo gótico voltou a força no final do século XVIII, sendo apreciado por poetas, escritores, pintores, entre outros. Neste período, surgiu um novo estilo gótico, mas parecido com o estilo que conhecemos hoje, um estilo que preservava o aspecto sombrio, mas acrescentava altas doses de melancolia, nostalgia e romantismo doentio, criando obras raras de nossa literatura como: Frankstein, Drácula, entre outros. No estilo gótico, temos no Brasil autores com Álvares de Azevedo, que seguia a regra de estilo melancólico e sentimentalismo doentio. Para alguns literários, este estilo é considerado como ultrarromântico, que demonstra o romantismo, mas com exageradas doses de melancolia, solidão.

O Gótigo Contemporâneo

O estilo gótico contemporâneo surgiu em meados dos anos 70 na periferia londrina. Advindo do punk, movimento que prega o anarquismo e a sociedade mais justa e igual, os góticos modernos vieram como uma nova luta. Os punks eram, em sua maioria, jovens que não tinham perspectivas devido ao grande desemprego e o excesso de regras e regulamentos impostos pela sociedade da época.

Ao contrário dos hippies, os punks pregavam o ajuste do Estado para satisfazer aa necessidades sociais básicas. O gótico contemporâneo, como estilo de vida, surgiu nos anos 80, com o movimento dark, contrário às normas impostas pela sociedade e buscando uma nova de expressão, com doses de depressão.

Os punks no Brasil já tiveram grande influência dos neogóticos europeus, formando sua cultura (música, arte e literatura), baseada nesta influência. Normalmente os neogóticos vestem preto, mas não é regra. É regra o sentimento depressivo, o culto ao obscuro e ao sombrio, o sentimentalismo excessivo, e a tolerância ao semelhante. Os neogóticos cultuam inúmeras crenças e religiões sendo as mais comuns: cristianismo, paganismo egípcio, espiritismo, e satanismo.

Os góticos contemporâneos levam uma vida regrada pela melancolia, solidão, e assim são por inúmeros motivos: desilusão com o mundo ou sociedade, indignação com a sociedade, nostalgia dos tempos antigos, depressão, entre outros.


Estilos Góticos Contemporâneos

Atualmente existem dois grandes estilos de góticos: os posers e os góticos reais. No primeiro grupo, os posers, não há a vivência do estilo de vida gótico, normalmente há somente a manutenção da aparência gótica, procurando obter status na sociedade enquanto indivíduo gótico. O segundo grupo, góticos reais, são aqueles que se utilizam deste estilo de vida e seguem as características mais comuns que marcam o movimento gótico, procurando adaptá-las ao seu tempo, modernizando e incorporando a cultura e o estilo gótico aos tempos atuais. Neste estilo de góticos reais estão considerados:

Góticos Clássicos ou Medievais

Góticos que preferem viver na nostalgia da época medieval. Preferem vestir-se com roupas da Idade Média.

Góticos Metal

Também são góticos, vestem-se de preto e preferem música de heavy metal, estilo musical de rock pesado. Usam também coturno e capas. São identificados principalmente por seus cabelos compridos.

Dark

Estilo inicial dos anos 80, usam preto e preferem músicas melancólicas. Carregam na maquiagem e usam, roupas pouco convencionais como o salto plataforma e calças de material sintético. Normalmente são vistos à noite, em grupos.

Cyber Punk

Influenciado pelo estilo "Matrix", o cyberpunk prefere locais amplos, normalmente de dia. Sentem-se realizados com excesso tecnológico, computadores e outros, muitas vezes colocando implantes eletrônicos na pele. Gostam de música eletrônica (techno e industrial) e preferem estar reunidos em baladas raves. Este grupo, apesar de vestir de preto, não cultua muito o lado sombrio e pessimista gótico.

Neogóticos

Pessoas influenciadas pela cultura gótica, que não se manisfestam com roupas ou hábitos, mas são excessivamente solitárias e contrárias ao mundo moderno. Este grupo representa os góticos do novo século, que vivem no mundo urbano e são contrários ao caos que provém dele. Apreciam o heavy metal e gothic metal (metal melancólico), e discutem excessivamente sobre sociedade, filosofia e política. As correntes deste grupo podem estar muito ligadas aos grupos anteriores, mas com doses de sentimentalismo nacionalista exacerbadas e melancolia profunda, além de nostalgia eterna dos tempos antigos.

Cultos e Religião

Os góticos contemporâneos não são um grupo religioso ou cultuam seitas satânicas. Seria um modo de viver, um estilo de vida. Os góticos cultuam diversas religiões passando desde o paganismo até o ocultismo moderno. Os góticos contemporâneos preferem as religiões esquecidas, mas há ainda aqueles que cultuam o cristianismo, por exemplo. As religiões mais cultuadas pelos góticos contemporâneos são: Cristianismo, Cristianismo Gnóstico, Paganismo Egípcio, Espiritismo Cristão, Espiritismo Afro-Cristão, Vampirismo e Satanismo.

Visão sociológica e política

Os góticos contemporâneos tem outra visão de mundo, sendo assim, não concordam com a manipulação das informações por parte dos governos. Como são considerados parte integrante de uma subcultura, costumam ser excluídos dos processos participativos sociais. Esta postura, além de deixar os góticos contemporâneos mais afastados do mundo externo, leva os mesmos a práticas políticas controversas como a anarquia e o nazi-fascismo. Obviamente isto não é regra, mas costuma compor a postura gótica.

Literatura Gótica Contemporânea

Ainda firmada nos aspectos basilares do gótico antigo, a literatura gótica da atualidade apresenta certas doses de indignação à sociedada urbana pós-moderna, nostalgia de tempos antigos e sentimentalismo quase doentio. Usualmente confundida em seu estilo como Realismo ou Realismo Pós-Moderno, a literatura gótica contemporânea pode ser definida como Neogótica, pois, como dito acima, prega o espírito gótico antigo (nostalgia, sentimentalismo doentio, depressão) com aspectos urbanos modernos (criminalidade, corrupção, etc.) Está quase sempre atrelada a fatos políticos ou questões sociais como: honra, heroísmo, esperança, entre outros.

Visões Góticas

O gótico observa o belo por trás do horrendo. Isto seria um contrassenso, mas procede, já que para os góticos o sombrio faz parte de seu cotidiano. O hábito noturno é parte disso, já que a noite desperta o lado criativo nos góticos fazendo com que suas criações usem a noite como temática mais redundante.

Falso aspecto gótico

Os góticos não são pessoas violentas, muito pelo contrário. Seu olhar profundo e sua imaginação, agregadas a inteligência fazem com que este tipo de pessoa se perca do mundo atual. Por tolerar tudo, os góticos contemporâneos não são violentos, pois em sua visão tudo pode ser feito.

Conclusão

Aspecto integrado com a sociedade pós-moderna, os góticos são pessoas cuja esta mesma sociedade marginaliza. Devido este fato, agregado à falta de perspectivas e à desesperança em relação às soluções práticas, os góticos contemporâneos se agarraram aos legados medievais como forma de suprir a falta de honra e heroísmo dos tempos atuais – conforme a visão gótica.

Adaptado de : http://www.flogao.com.br/enorminho/blog/1052722

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Inquisição

O termo Inquisição refere-se a várias instituições dedicadas à supressão da heresia no seio da Igreja Católica. A Inquisição foi criada inicialmente para combater o sincretismo entre alguns grupos religiosos, que praticavam a adoração de plantas e animais. A Inquisição medieval, da qual derivam todas as demais, foi fundada em 1184 no Languedoc (sul da França) para combater a heresia dos cátaros ou albigenses.

O condenado era muitas vezes responsabilizado por uma "crise da fé", pestes, terremotos, doenças e miséria social, sendo entregue às autoridades do Estado, para que fosse punido. As penas variavam desde confisco de bens e perda de liberdade, até a pena de morte, muitas vezes na fogueira, método que se tornou famoso, embora existissem outras formas de aplicar a pena.

Os tribunais da Inquisição não eram permanentes, sendo instalados quando surgia algum caso de heresia e eram depois desfeitos.

O delator que apontava o "herege" para a comunidade, muitas vezes garantia sua fé e status perante a sociedade.

A utilização de fogueiras como maneira de o braço secular aplicar a pena de morte aos condenados que lhes eram entregues pela Inquisição é o método mais famoso de aplicação da pena capital, embora existissem outros. Seu significado era basicamente religioso - dada a religiosidade que estava impregnada na população daquela época, inclusive entre os monarcas e senhores feudais -, uma vez que o fogo simbolizava a purificação, configurando a idéia de desobediência a Deus (pecado) e ilustrando a imagem do Inferno.

Fonte: Wikipédia (adaptado)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Artes

Acesse aqui e conheça mais!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A fotografia em canção

A fotografia é um meio de expressão comumente presente na vida das pessoas. É uma forma de expressão que costuma gerar diversas influências e trabalhar os sentimentos e as ideias, ou seja, é um elemento que marca e modifica situações e pessoas, exercendo assim sua presença enquanto artes.
Abaixo, descubra algumas músicas que falam sobre a fotografia. É legal perceber como as histórias cantadas mostram a importância e o papel da fotografia na vida das pessoas.

“Vou colecionar mais um soneto / Outro retrato em branco e preto / A maltratar meu coração” Chico Buarque.

“O retrato do artista quando moço / Não é promissora, cândida pintura / É a figura do larápio rastaquera / Numa foto que não era para capa / Uma pose para câmera tão dura / Cujo foco toda lírica solapa … É uma foto que não era para capa / Era a mera contracara, a face obscura / O retrato da paúra quando o cara / Se prepara para dar a cara a tapa” Chico Buarque.

“E quando o dia não passar de um retrato / Colorindo de saudade o meu quarto / Só aí vou ter certeza de fato / Que eu fui feliz / O que vai ficar na fotografia / São os laços invisíveis que havia / As cores, figuras, motivos / O sol passando sobre os amigos / Histórias, bebidas, sorrisos / E afeto em frente ao mar.” Leoni / Léo Jaime.

“Você não sabe mais eu tenho uma foto sua / Que eu fico olhando o tempo inteiro / Querendo você pra mim / Ás vezes me pego perdida / Andando pelas ruas, e a sua imagem / Continua onde eu vou, é sempre assim … Ás vezes fico tão ligada na fotografia / Que parece até, que o seu olhar está querendo me dizer / Que um dia pode ser real a minha fantasia / Que ao seu lado na fotografia, eu iria aparecer” Paula Fernandes.

“Mas eu aqui, eu aqui morrendo / Desaparecendo, como uma foto de Polaroid / Eu morro mais ou morro menos / Tanto fez, você não veio mesmo / Não veio…” Isabella Taviani.

“Te vejo em minha vida / Como um retrato marrom / São lembranças perdidas / De um passado e tudo bom” Ney Matogrosso.

“Sou assim, sem tirar nem por / Num retrato, pb ou cor / Foi um click que me pegou / E num flash me revelou” Fernanda Porto.

“No porta retrato / A gente se abraçando / Momentos que ficaram / Difíceis de esquecer” Edson e Hudson.

“Hoje eu chorei em meu quarto / ao ver seu retrato lindo / Na parede, é tanta saudade” César Menotti e Fabiano.

"Fotografei, você não viu/Verdade no meu olhar/Felicidade não sorriu/Fingiu somente que estava lá/ (...) Não paro, passo, faço, me encontro/Num retrato três por quatro/Não me enquadro ao teu lado, não." Móveis Coloniais de Acaju

“Tudo nessa casa só lembra nós dois / Foto na estante um namoro a dois” Cláudia Leitte.

Tem uma letra que mostra exatamente a imensidade do poder de uma fotografia. É a história de uma criança que se recupera de um problema graças à fotografia do avô. Se chama “O Milagre da Foto”, música de César e Paulinho. Veja parte dela:

“Foi ai que eu me lembrei que eu tinha uma fotografia/Peguei e dei pro menino pra ver se ele se entretia/Quando ele pegou a foto já sorriu de alegria/Apertando contra o peito essas palavras dizia/Meu querido vovôzinho quanto tempo eu não te via/Com toda sua inocência falava pro retratinho/Volte de novo comigo meu querido vovozinho/Desde que o senhor foi embora eu fiquei aleijadinho/É grande meu sofrimento eu não sei andar sozinho/Volte de novo comigo pra guiar os meus passinhos/E naquele mesmo instante meu filho se levantou/Com o retrato na mão pelo quarto ele andou/Daquela fotografia uma lágrima botou/E mesmo depois de morto meu querido pai chorou/Foi um milagre da foto o meu filhinho sarou.”

Texto baseado em um post do blog mandinhabhz

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Saiba mais sobre texto narrativo

O principal objetivo do texto narrativo é contar algum fato. E o segundo principal objetivo é que esse fato sirva como informação, aprendizado ou entretenimento para o leitor. A narração, portanto, visa sempre um receptor.

Um texto narrativo é um texto no qual é contada uma história, através de um narrador, que pode ser personagem, observador ou onisciente.

Estrutura

Um texto narrativo geralmente é organizado da seguinte forma:

Situação inicial: Os personagens e o espaço são apresentados.

Estabelecimento de um conflito: Um acontecimento modifica a situação apresentada e desencadeia uma nova situação a ser resolvida, que quebra a estabilidade de personagens e acontecimentos.

Clímax: Ponto de maior tensão na narrativa.

Epílogo: Solução do conflito, o que nem sempre significa um final feliz.

Apesar de possuir uma estrutura usual, uma narração é bem livre e pode ser organizada de formas diferentes, dependendo do estilo de texto.

Mas, o que faz um texto narrativo ser interessante, prender a nossa atenção e nos mostrar que forma um todo?

O que faz o texto narrativo ser interessante é a existência de uma sequência de fatos que vão sendo costurados uns aos outros e que formam o que pode ser chamado de "todo" narrativo. O enredo vai se fazendo aos poucos, passo a passo, alinhavado nos acontecimentos, entretecido de pequenas partes que convergem para um só núcleo, amparado no tempo e seu fluxo de continuidade.

Vamos ver um exemplo:

O primeiro beijo

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...

Ele se tornara homem.

(Clarice Lispedor - in Felicidade Clandestina)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fotografia

A fotografia oferece uma série de atribuições. As pessoas fotografam visando objetivos diferentes: recordar um momento de vida que passa, documentar um fato ou um fundamento técnico, divulgar uma visão de mundo ou simplesmente expor um conceito, uma ideia.

A Fotografia, antes de tudo, é uma linguagem. Um sistema de códigos, verbais ou visuais, um instrumento visual de comunicação. E toda a linguagem nada mais é do que um suporte, um meio, uma base, que sustenta aquilo que realmente deve ser dito: a mensagem.

A Fotografia, ao contrário do que pensamos não é uma cópia fiel da realidade fotografada. Isto porque a objetiva da câmara “filtra” essa imagem e o filme ou o sensor digital, por sua vez a distorce, alterando sua cor, luminosidade e a sensação de tridimensionalidade. Contudo, por mais que se queira apreender essa realidade em toda a sua amplitude, qualquer tentativa técnica é inútil, mesmo porque cada um de nós a concebe de modo distinto.

A Fotografia não apenas prolonga a visão natural, como também descobre outro tipo de visão, a visão fotográfica, dotada de gramática própria, estética e ética peculiar. Saber ler as imagens, distinguir os detalhes do todo, combiná-los, pode resultar num aprendizado sem fim. Embora a Fotografia gere obras que podem ser denominadas por arte, a subjetividade que há nela - já que cada um percebe e concebe a reprodução das imagens de maneiras diferentes - pode mentir, provocar, surpreender ou ainda proporcionar prazer estético.

Texto retirado de O que é fotografia, afinal? e adaptado para fins didáticos.

domingo, 10 de julho de 2011

Esculturas e a Arte Contemporânea

Os anos 50 são marcados pela acelerada expansão do abstracionismo, tanto de linhas geométricas como informais. O Concretismo, um estilo de abstração geométrica, se torna a moda do momento, sendo louvado por críticos e artistas e dominando os salões e galerias. Paralelamente assistiu-se ao desenvolvimento de uma abstração informal, e, logo se notou também um grupo de artistas que, não desejando abandonar de todo a figuração, passaram a incorporar estilizações abstratizantes a uma estrutura ainda figurativa.

Nos anos 60, as tendências continuaram se multiplicando e o abstracionismo continuou presente na maioria delas, tornando-se, tanto no campo das ideias quanto das formas, um ideal recorrente. Sua utilização implica em uma grande variedade de produções e aplicaçãoes.

A geração mais recente de escultores tem utilizado à larga e em completa liberdade recursos e materiais novos oferecidos pela indústria e tecnologia, como o computador para projetar suas obras e as resinas, borrachas e plásticos para realizá-las, e tem incorporado, conforme sua necessidade expressiva, além de todo o enorme acervo de técnicas e formas herdadas da cultura anterior, procedimentos típicos do Pós-modernismo.

A obra que vê aqui se chama "Teorema" (1987/88) e é do artista Bruno Giorgi.