terça-feira, 20 de novembro de 2012

Eu gostei, e você?


O que chamamos de gosto é, na verdade, uma construção pessoal, uma espécie de junção entre o lado individual e o coletivo. Temos nossas ideias, porém, vivemos em sociedade e não podemos ignorar o espaço e os acontecimentos que estão a nossa volta.

Toda construção humana é pensada a partir do que o sujeito recebe da sociedade e sobre o que ele pretende devolver para a mesma. O gosto que chamamos de uma postura individual, visto assim, não é então algo tão individual quanto imaginávamos, já que nasce do individuo em contato com o mundo.
Em termos sociais, devemos pensar que os gostos e as opiniões agregam os indivíduos de uma sociedade, classificando-os e aproximando-os. Os grupos se formam a partir das similaridades e essa forma de aproximação envolve principalmente os gostos e as opiniões.
Deve haver, não só a construção do gosto dito individual, mas também dos gostos coletivos. A aceitação dessas duas formas é saudável para a vida em sociedade. Um exemplo que podemos dar é a MODA. O que é “estar na moda” ? Essa expressão só ganha validade quando um grupo grande de pessoas expressa o gosto positivo em relação a uma mesma coisa em um mesmo tempo histórico.
Nas artes, o gosto é definido pela estética. A estética é uma das ciências da filosofia. Ela pertence ao segundo grupo de ciências chamado de "ciências normativas".

As ciências filosóficas são divididas em três grupos:
Epistemologia.
Ciências normativas {Ética, Estética e Lógica}
Metafísica.

Estética é a ciência que estuda a noção do belo, mas nunca dita o que é belo ou não.

A Arte se utiliza desta ciência para definir um trabalho expressivo. Existia, há algum tempo atrás, mais precisamente antes do seculo XX, ideias de beleza que todos os artistas tinham obrigação de seguir: eram os chamados padrões de beleza. A noção de beleza até então era dominada pela noção acadêmica e interessava basicamente à parte dominante da sociedade. Dessa maneira, o gosto artístico costumava seguir um padrão, o padrão estético.

A partir do século XX as coisas mudaram, nossos artistas começaram a romper com os "padrões" do passado e surgiu o que chamamos hoje de arte contemporânea.

Todo trabalho de arte, seja um trabalho pictórico, teatral, musical ou uma dança sempre será um trabalho estético. Veja: a arte nem sempre é feita para mostrar somente o que entendemos por "belo", mas ela precisa possibilitar a apreciação, mesmo que seja através do oposto do conceito de beleza.

Belo ou feio são noções que cada um de nós cria interiormente. Na maioria das vezes, recorremos as nossas tradições para definir o que é belo. E é da criação destes conceitos interiores que surge o nosso gosto. O belo está nas nossas cabeças pelo que a sociedade nos impõe e também pelo que construímos através das  aprendizagens adquiridas - o nosso conhecimento filosófico sobre as coisas.

O pensamento estético é desenvolvido de maneira diferente em cada um dos povos do mundo, mudando também de acordo com cada tempo de vivência. Por exemplo: A música tradicional chinesa tem características muito diferentes da música criada no ocidente. Como se compara a arquitetura árabe usada para a construção de mesquitas com a arquitetura de Oscar Niemeyer?

Na estética não existe certo ou errado, mas sim a avaliação das considerações de época e cultura. Na estética, o objetivo é alcançar a apreciação prazerosa, elevando o objeto que está sendo apreciado à condição de obra de arte. E, como não há certo ou errado na estética, também não há uma forma padrão para o gosto que é gerado a partir dela.


Referências:
"A estética e as artes". Ler integralmente aqui.
Resenha "Por uma discussão do gosto" por Daniel Gouveia de Mello Martins. Ler integralmente aqui.

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