terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Poesia concreta

Poesia concreta é um tipo de poesia vanguardista, de caráter experimental, basicamente visual, que procura estruturar o texto poético escrito a partir do espaço do seu suporte, sendo ele a página de um livro ou não, buscando a superação do verso como unidade rítmico-formal.

Surgiu na década de 1950 no Brasil e na Suíça, tendo sido primeiramente nomeada, tal qual a conhecemos, por Augusto de Campos na revista Noigandres de número 2, de 1955, publicada por um grupo de poetas homônimo à revista e que produziam uma poesia afins. Também é chamada de (ou confundida com) Poesia visual em algumas partes do mundo.

Ou seja, a poesia concreta busca combinar o texto (as palavras) com o meio onde ela se encontra. A junção desses elementos forma uma imagem que auxilia o entendimento do significado e da mensagem que se pretende passar. Observe as poesias abaixo:


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Poesia sonora


Poesia sonora pode ter várias definições e manifestações. Mas alguns pontos são comuns em qualquer de suas vertentes. Primeiramente, ela é um tipo de poesia oral, mas associado a uma característica especial: ele é essencialmente experimental. Isso significa que a poesia sonora se distancia claramente da poesia declamada.

Diferenciar-se da poesia declamada quer dizer não reproduzir as formas tradicionais de declamação emotiva e lírica, teatral e dramática do texto. Em seu lugar, entram o humor, as técnicas fonéticas, o rumorismo, a utilização de meios tecnológicos. Por conseqüência, a poesia sonora se distancia da idéia de texto: o poema sonoro nunca é um texto lido oralmente, por mais que um texto se pretenda experimental enquanto discurso verbal. A poesia sonora parte da idéia de que a poesia nasce antes do texto e do discurso e não depende dele para existir. Ela se cria com certas conjunções sonoras (sendo a palavra apenas um de seus elementos possíveis) que, organizadas numa certa ordem, exprimem conceitos, sensações e impressões.

Portanto, não se deve confundir poesia sonora com poesia musicada ou musicalização de poemas (sejam estes em forma de verso ou mesmo poemas visuais), porque os sons não entram no poema sonoro com a função que possuem na música: não apresentam problemas de combinação com um texto (porque não há texto), nem de harmonia, nem de desenvolvimento melódico. A vinculação histórica da poesia sonora é com a poesia fonética das vanguardas futuristas e dadaístas do início do século.

Quando vem apresentado ao vivo, o poema sonoro se preenche de outras questões que partem da sua integração a outros meios e linguagens: espaço, gestualidade, vídeo, interação com o público. Porém, todos esses elementos devem participar dirigidos pelo projeto do poema sonoro e a ele se integrar num processo de montagem, de relação intersígnica, intermídia (não de colagem, de multimídia).

Fonte do texto: aqui

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Conhecendo mais o texto dramático


Confira abaixo o exemplo de um texto dramático.
Repare a importância das rubricas e a presença predominante da estrutura dialógica.
E claro, não deixe de prestar atenção na história! Divirta-se!


AMÉLIA Senhor conde, o café.
CONDE Já são oito horas? (E recebe a chávena.)
AMÉLIA Há também uma carta. (Dá-lha.)
CONDE (Bebe o café. Depois põe os óculos e começa a ler a carta.) A caligrafia é do Celestino. Vejamos, vejamos.
Gentilíssimo senhor: Ontem à tarde ao sair de sua casa devo ter esquecido na mesa da sala de jantar um certo veneno para os ratos. Não é tanto pelo valor da coisa em si (são poucos escudos), mas porque tenho necessidade dele por motivos que não posso explicar por escrito, e que lhe contarei a viva voz. Ficaria muito agradecido se me mandasse esse veneno por meio da Amélia. É um embrulho de papel amarelo que contém uma quantidade de pó branco. Obrigado e até breve.
Vosso Celestino. (O Conde dobra a carta, ri-se e chama.) Amélia! Amélia! (Toca a campainha.) Amélia! És surda?
AMÉLIA (Entrando) Que pressa! Estava a servir o café nos outros quartos. Eu só tenho duas pernas!
CONDE Cale-se, cale-se, por favor. Veja na sala de jantar sobre a mesa. Deve estar aí um pacote de pó amarelo…
AMÉLIA Ah, sim, açúcar. Já o meti no açucareiro, pois já tinha pouco.
CONDE Qual açúcar? Qual açúcar! Aquilo é veneno, desgraçada! Deite tudo fora!
AMÉLIA (Espantadíssima.) O que eu fiz! O que eu fiz!
CONDE (Preocupado.) Que fizeste tu, por amor de Deus?
AMÉLIA Pus açúcar no café.
CONDE (Mexendo-se na cama.) O quê? No café que me acabas de servir?
AMÉLIA (Mais morta do que viva.) Em todos os cafés. (Desmaia.)
CONDE (Correndo para os outros quartos.) Quietos, todos! Quietos, todos! Não bebam o café.
CONDESSA (Está a beber o café.) Que dizes? Estás louco?
CARLOTA E ALDA Pai, não nos meta medo.
CONDE (Desesperado.) Estamos envenenados! Aquele café… Celestino… Os ratos… Essa ignorante da Amélia…
CONDESSA Mas pode-se saber o que aconteceu?
CONDE Vejam só! O veneno dos ratos no café. Maldito Celestino, Maldita Amélia.
CONDESSA E FILHAS (Chorando.) Bebemo-lo todo.
CONDE Depressa, um médico… um farmacêutico… um cirurgião… (Agarra-se ao telefone.) Socorro! Socorro! Doutor… Envenenados… Depressa!
CONDESSA Já sinto o efeito do veneno. Vou morrer. (Desmaia.)
CARLOTA Sinto os suores da morte… Soluços horrorosos. (Desmaia.)
ALDA Morro. (Desmaia.)
CONDE (Com as mãos na cabeça.) Oh, pobre família! Mulher! Filhas! Uma família inteira envenenada com veneno dos ratos! Sinto calor no estômago. É o fim! Onde estamos! Adeus, minhas criaturas. (Cai numa poltrona.)
MÉDICO (Entrando com os enfermeiros.) Depressa, uma lavagem gástrica a todos. (Todos a fazer gargarejos.)
PORTEIRO (Entrando.) Dão licença? Estava a porta aberta. Uma carta para o senhor conde.
CONDE (Voltando-se para o doutor.) Doutor, por favor, leia-me a carta. Estou sem forças.
MÉDICO (Lê.) Gentilíssimo Senhor: Não se incomode. Não precisa de me mandar o pacote. Aquele burro do homem da drogaria acaba de me telefonar advertindo-me que ontem se enganou. Em vez de veneno para os ratos, deu-me açúcar. Podeis ficar com o pacote, considerando que é um modesto presente que vos faço, em paga dos muitos favores que vos devo. Não precisais de me agradecer. Vosso aperfeiçoadíssimo Celestino.
TODOS (Ainda a gaguejar, e com um fio de voz.) Bendito… maldito Celestino!