segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O início da Arte Cristã



Após a morte de Jesus Cristo, a pregação do ideário cristão recaiu sobre os ombros dos discípulos do Primeiro Século. Com o passar do tempo, a ação dos discípulos se mostrou eficaz e determinou a divulgação dos valores cristãos para outras partes do Império Romano.
Para os dirigentes romanos, a divulgação do cristianismo era uma séria ameaça aos valores e interesses do império. A crença monoteísta, ou seja, a um único deus, era contrária ao culto de divindades romanas, entre as quais se destacava o próprio culto ao imperador de Roma.
Dessa forma, os cristãos passaram a ser perseguidos das mais variadas formas. Eram torturados publicamente, lançados ao furor de animais violentos, empalados, crucificados e, até mesmo, queimados em vida. Para redimir e orar pelos seus mártires, os cristãos passaram a enterrá-los nas chamadas catacumbas. Estas funcionavam como túmulos subterrâneos onde os cristãos poderiam entoar canções e pintar imagens que manifestavam sua confissão religiosa.


A pintura elaborada no interior das catacumbas era rodeada de uma simbologia que indicava a forte discrição do culto cristão naquele momento. O mais recorrente símbolo era o crucifixo, que rememorava a disposição que Jesus teve de morrer pela salvação dos homens. A âncora significava o ideal de salvação. O peixe era bastante comum, pois a variação grega do termo (“ichtys”) era a mesma das iniciais da frase “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”.
O desenvolvimento desse tipo de expressão artística acabou permitindo a execução de cenas cada vez mais complexas. Algumas cenas do texto bíblico começaram a tomar conta da parede das catacumbas. Entretanto, a imagem mais representada era a do próprio Jesus Cristo. Na maioria das vezes, o exemplo maior do cristianismo era simbolizado com um pastor entre as ovelhas. Tal alegoria fazia menção à constante importância que a ação evangelizadora tinha entre os cristãos.
Essa fase inicial da arte primitiva não foi dominada por algum artista específico. A maioria das representações encontradas foi executada por anônimos que desejavam expressar suas crenças. A falta de um saber técnico anterior à concepção de tais obras marcou essa fase inicial da arte cristã com formas simples e bastante grosseiras.


Adaptado do texto de Rainer Sousa, retirado do site Brasil Escola.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Contos Africanos: A lua feiticeira e a filha que não sabia pilar



A lua tinha uma filha branca e em idade de casar. Um dia apareceu-lhe em casa um monhé pedindo a filha em casamento. A lua perguntou-lhe:
— Como pode ser isso, se tu és monhé? Os monhés não comem ratos, nem carne de porco e também não apreciam cerveja... Além disso, ela não sabe pilar.
O monhé respondeu:
— Não vejo impedimento porque, embora eu seja monhé, a menina pode continuar a comer ratos e carne de porco e a beber cerveja... Quanto a não saber pilar, isso também não tem importância, pois as minhas irmãs podem fazê-lo.
A lua, então, respondeu:
— Se é como dizes, podes levar a minha filha que, quanto ao mais, é boa rapariga.
O monhé levou consigo a menina. Ao chegar na casa foi ter com a sua mãe e fez-lhe saber que a menina com quem tinha casado comia ratos, carne de porco e bebia cerveja, mas que era necessário deixá-la à vontade naqueles hábitos. Acrescentou também que ela não sabia pilar, mas que as suas irmãs teriam a paciência de suprir essa falta.
Dias depois, o monhé saiu para o mato à caça. Na sua ausência, as irmãs chamaram a rapariga (sua cunhada) para ir pilar com elas para as pedras do rio e esta desatou a chorar.
As irmãs censuraram-na:
— Então tu te põe  a chorar por te convidarmos a pilar? Isso não está bem! Tens que aprender porque é trabalho próprio das mulheres.
E, sem mais conversas, pegaram-lhe na mão e conduziram-na ao lugar onde costumavam pilar.
Quando chegaram ao rio puseram-lhe o pilão na frente, entregaram-lhe um maço e ordenaram que pilasse.
A rapariga começou a pilar, mas com uma mágoa tão grande que as lágrimas não paravam de lhe escorrer pela cara. Enquanto pilava, ia se lamentando:
— Quando estava em casa da minha mãe não costumava pilar. Ao dizer estas palavras, a rapariga, sempre a pilar e juntamente com o pilão, começou a sumir-se pelo chão abaixo, por entre as pedras que, misteriosamente, se afastavam. E foi mergulhando, mergulhando... até desaparecer.
Ao verem aquele estranho fenômeno, as irmãs do monhé abandonaram os pilões e foram correr e contar à mãe o que acontecera. Esta ficou assustada com a estranha novidade e tinha o coração apertado de receio quando chegou o monhé, seu filho.
Este, ao ouvir o relato do que acontecera à sua mulher, ralhou com as irmãs, censurando-as por não terem cumprido as suas ordens. Apressou-se a ir ter com a lua, sua sogra, para lhe dar conta do desaparecimento da filha.
A lua, muito irritada, disse:
— A minha filha desapareceu porque não cumpriste o que prometeste. Faz como quiseres, mas a minha filha tem de aparecer!
— Mas como posso ir ao encontro dela se desapareceu pelo chão abaixo?
A lua mudou, então, de aspecto e, mostrando-se conciliadora, disse:
— Bom, vou mandar chamar alguns animais para se fazer um remédio que obrigue a minha filha a voltar. Vai para o lugar onde desapareceu a minha filha e espera lá por mim.
O monhé foi-se embora e a lua chamou um criado ordenando:
— Chama o javali, a paca, a gazela, o búfalo e o cágado e diz-lhes que compareçam, sem demora, nas pedras do rio onde desapareceu a minha filha.
O criado correu a cumprir as ordens e os animais convidados apressaram-se para chegar ao lugar indicado. A lua também para lá se dirigiu com um cesto de alpista. Quando chegou ao rio, derramou um punhado de alpista numa pedra e ordenou ao porco que moesse.
O porco, enquanto moía, cantou:
— Eu sou o javali e estou a moer alpista para que tu, rapariga, apareças ao som da minha voz!
Nesse momento ouviu-se a voz cava da menina que, debaixo do chão, respondia:
— Não te conheço!
O javali, despeitado, largou a pedra das mãos e afastou-se cabisbaixo. Aproximou-se em seguida a paca e, enquanto moía, cantou:
— Eu sou a paca e estou a moer alpista para que tu, rapariga, apareças ao som da minha voz!
Ouviu-se novamente a voz da menina que dizia:
— Não te conheço!
A gazela e o búfalo ajoelharam também junto do moinho, fazendo a sua invocação, mas a menina deu a ambos a mesma resposta:
— Não te conheço!
Por último, tomou a pedra o cágado e, enquanto moía, cantou:
— Eu sou o cágado e estou a moer alpista para que tu, rapariga, apareças ao som da minha voz!
A menina cantou, então, em voz terna e melodiosa:
— Sim, cágado, à tua voz eu vou aparecer!...
E, pouco a pouco, a menina começou a surgir por entre as pedras do rio, juntamente com o pilão, mas sem pilar. Quando emergiu completamente, parou e ficou silenciosa.
Os animais juntaram-se todos, curiosos, à volta da menina.
Então, a lua disse:
— Agora a minha filha já não pode continuar a ser mulher do monhé, pois ele não soube cumprir o que me prometeu. Ela será, daqui para o futuro, mulher do cágado, pois só à sua voz é que ela tornou a aparecer.
Então o cágado levantou a voz dizendo:
— Estou muito feliz com a menina que acaba de me ser dada em casamento e, como prova da minha satisfação, vou oferecer-lhe um vestido luxuoso que ela vestirá uma só vez, pois durará até ao fim da sua vida. E, dizendo isto, entregou à menina uma carapaça lindamente trabalhada, igual à sua.
Da ligação do cágado com a filha da lua é que descendem todos os cágados do mundo.


Eduardo Medeiros (org.). Contos populares moçambicanos, 1997
Fonte: Para gostar de ler.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Arte visual indígena



Considerando a grande diversidade de tribos indígenas no Brasil, pode-se dizer que, em conjunto, elas se destacam na arte da cerâmica, do trançado e de enfeites no corpo. Mas o ponto alto da arte indígena são os trançados indispensáveis ao transporte de caça, da pesca, de frutas, para a construção do arcabouço e da cobertura da casa e para a confecção de armadilhas. E essas criações recebem a pintura característica de cada tribo.

Quando dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, podemos estar lidando com conceitos que são próprios da nossa civilização, mas estranhos ao índio. Para ele, o objeto precisa ser mais perfeito na execução do que sua utilidade exigiria. Nessa perfeição para além da finalidade é que se encontra a noção indígena de beleza.

Outro aspecto importante a ressaltar: a arte indígena é representativa das tradições da comunidade em que está inserida. É por isso que os estilos da pintura corporal, do trançado e da cerâmica variam de uma tribo para outra. É preciso não esquecer que tanto um grupo quanto outro conta com a variedade de elementos naturais para realizar seus objetos: madeiras, caroços, fibras, palmas, palhas, cipós, sementes, cocos, resinas, couros, ossos, dentes, conchas, garras e belíssimas plumas das mais diversas aves. As possibilidades de criação são muitas. 


Para o índio, produzir arte é desenvolver o espírito coletivo. Artesanato é uma atividade coletiva. Foi sendo criada de acordo com seus cerimoniais e sua vida do dia a dia. O enfeite, a pintura, os objetos de uso doméstico foram sendo produzidos de acordo com as necessidades dos rituais e de trabalho doméstico. Assim, cada etnia produzia sua arte, suas danças, suas cores, seus enfeites, diferenciando-se umas das outras.


As peças de cerâmica que testemunham muitos costumes dos diferentes povos indígenas e uma linguagem artística que ainda nos impressiona.

Para os índios, as máscaras têm um caráter duplo: ao mesmo tempo em que são um artefato produzido por um homem comum, são a figura viva do ser sobrenatural que representam . Elas são feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas de buriti e são usadas geralmente em danças cerimoniais. 


A variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil dá ao índio uma inesgotável fonte de matéria prima.
E todas as peças são enfeitadas com pinturas e cores próprias, gerando beleza e mostrando as características de cada tribo.

Fonte: hjobrasil 
           julirossi.blogspot
           Wikipédia

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A pintura corporal indígena

Uma das mais importantes expressões da pintura indígena é a pintura corporal.

Em nosso país os indígenas estão presentes em diversos lugares, com muitas características iguais, mas cada um com sua história e cultura diferentes. Essa é a maior riqueza: a diversidade.

Dentre as diversas formas de mostrar a cultura indígena, uma muito predominante é a pintura corporal. As pinturas corporais são alguns dos traços culturais mais conhecidos. Mas, você sabe como a tinta usada nessa pintura é feita? O que ela significa?

As tintas para as pinturas tradicionais são feitas das mais diversas formas. A mais conhecida é preparada através do jenipapo (fruta muito apreciada pelos povos indígenas). Ele é retirado verde e seu líquido é extraído e, em contato com a pele, esse líquido se transforma em uma tinta preta que se fixa na pele por até duas semanas. É interessante lembrar que essa tinta não sai sem que se passe no mínimo uma semana.
Existem etnias que usam a semente de Urucum, que solta uma tinta vermelha na pele, há etnias que usam barro e também outras formas de tinta especificas para as pinturas corporais que, às vezes, são feitas de uma forma especifica para cada grupo – por exemplo, a pintura usada nas crianças é diferente da usada por adultos, ou ainda etnias que os homens têm uma pintura distintas das mulheres.

O processo de preparação da tinta consiste em ralar a fruta com semente e depois misturá-la com outros pigmentos, como o carvão, para diversificar as cores.Nos dias comuns a pintura pode ser bastante simples, porém nas festas, nos combates, mostra-se requintada, cobrindo também a testa, as faces e o nariz. A pintura corporal é função feminina, a mulher pinta os corpos dos filhos e do marido. Cada etnia tem sua própria marca e se alguma outra utilizar a mesma, uma luta entre as aldeias pode ocorrer.


A pintura corporal para os índios tem sentidos diversos, não somente na vaidade, ou na busca pela estética perfeita, mas pelos valores que são considerados e transmitidos através desta arte. Os significados dessas pinturas são os mais variados já que cada etnia tem suas próprias representações e simbologias. Por exemplo: Temos pinturas que são utilizadas em comemorações, outras são para os rituais sagrados, há aquelas que demonstram os sentimentos, desde os mais felizes até quando estamos revoltados e indignados.
A pintura, feita com tintas criadas a partir de jenipapo, carvão ou urucum, tem como objetivo diferir os povos, determinar a função de cada um dentro da aldeia e até mostrar o estado civil. Algumas índias utilizam esse método, por exemplo, para “dizer” que estão interessadas em encontrar um parceiro.
O importante é saber que cada povo tem suas pinturas próprias e cada uma dessas pinturas tem um significado único, de acordo com a expressão cultural de cada um desses povos.


Esse foi um dos vídeos produzido durante os jogos indígenas em 2007, em Recife/Ólinda. Para o programa Ponto a Ponto, da Radiobras / Tv Brasil / Canal Integracion /.
Com a participação de Anapuaka Muniz / Daniel Santos / Vanessa Santos / Haina Castro / Janborandi / representando a Casa de Cultura Tainã e Índios Online .

Postado no youtube por Anápuáka Muniz Tupinambá Hã hã hãe.